Os preparativos dos concursos dramáticos eram responsabilidade do arconte, que decidia tanto as questões artísticas quanto as organizacionais. Ele indicava a cada poeta um corega, algum cidadão ateniense rico que pudesse financiar um espetáculo, cobrindo não apenas os custos de ensaiar e vestir o coro, mas também os honorários do diretor do coro (corus didascalus) e os custos com a manutenção de todos os envolvidos. (BERTHOLD, 2001, p. 113).
Ao entrar no auditório, cada espectador recebia um pequeno ingresso de metal (symbolon), com o número do assento gravado. Não precisava pagar nada. Péricles havia assegurado com isso o favor do povo, ao fazer com que o erário não só remunerasse a participação nos tribunais e nas assembleias populares, como também a frequência nos espetáculos teatrais. Nas fileiras mais baixas, logo na frente, lugares de honra (proedria) esperavam o sacerdote de Dioniso, as autoridades e convidados especiais. Aqui também ficavam os juízes, os coregas e os autores. Uma seção separada era reservada aos homens jovens (efebos), e as mulheres sentavam-se nas fileiras mais acima.
Vestido com o branco ritual, o público chegava em grande número às primeiras horas da manhã e começava a ocupar as fileiras semiciraculares, terraceadas, do teatro. “Um enxame branco”, é como o chama Ésquilo. Ao lado dos cidadãos lives, também era permitida a presença de escravos, na medida em que seus amos lhes dessem licença. A aprovação era indicada por estrepitosas salvas de palmas, e o desagrado, por batidas com os pés ou assobios. A liberdade de expressar sua opinião foi algo que o antigo frequentador de teatro fez uso amplo e irrestrito, considerando a si próprio, desde o mais remoto início, um dos elementos criativos do teatro. Ortega y Gasset lembra:
Não podemos nos esquecer de que a tragédia antiga em Atenas era uma ação ritual e, por essa razão, acontecia não tanto no palco quanto na mente das pessoas. O teatro e o público eram circundados por uma atmosfera extrapoética, a religião.
A condiçãonecessária para essa experiência comunitária era a magnífica acústica do teatro ao ar livre da Antiguidade. O menor sussurro era levado aos assentos mais distantes. Por sua vez, a máscara – geralmente feita de linho revestido de estuque, prensada em moldes de terracota – amplificava o poder da voz, conferindo tanto ao rosto como às palavras um efeito distanciador. Graças ao poder das palavras, não importava se o cenário parecesse pequeno – por exemplo, as rochas às quais Prometeu era acorrentado. O plano visual era menos importante do que a moldura humana para os sofrimentos do herói: o coro, que participava dos acontecimentos como comentador, informante, conselheiro e observador. (BERTHOLD, 2001, p. 114)
Ao lado das possibilidades de “mascarar” a skene e de introduzir acessórios móveis como os carros (para exposição e batalha), os cenógrafos tinham à sua disposição os chamados “degraus de Caronte”, uma escadaria subterrânea que levava à skene, facilitando as aparições vindas do mundo inferior de Caronte. (BERTHOLD, 2001, p. 114)
Os mechanopoioi, ou técnicos, eram responsáveis por efeitos como o barulho de trovões, tumultos ou terremotos, produzidos pelo rolar de pedras em tambores de metal ou madeira.
(BERTHOLD, 2001, p. 117)
Uma troca de máscaras e figurino dava aos três locutores individuais a possibilidade de interpretar vários papéis na mesma praça. Podiam ser um general, um mensageiro, uma deusa, rainha ou uma ninfa do oceano – e o eram, graças à magia da máscara.(BERTHOLD, 2001, p. 117)
Foi Ésquilo quem introduziu as máscaras de planos largos e solenes. A impressão heróica era intensificada pelo toucado alt, de forma triangular (onkos), sobre a testa. O traje do ator trágico consistia geralmente no quíton – túnica jônica ou dórica, usada na Grécia antiga – e um manto, e do caracterísitico cothurnus, uma bota alta com cadarço e sola grossa. (BERTHOLD, 2001, p. 117)
Com Sófocles, a qualidade arcaica, linear, da máscara começou a suavizar-se. Os olhos e a boca, bem como a cor e a estrutura da peruca eram usados para indicar a idade e o tipo da personagem representada. Com a maior individualização das máscaras, Eurípedes exigia, também, contrastes impactantes entre vestimentas e ambientes. “Seus reis andam em farrapos”, apenas para tocar a corda sensível do povo, zombava Aristófanes, seu implacável adversário. (BERTHOLD, 2001, p. 117)
Eciclema, uma pequena plataforma rolante e quase sempre elevada, sobre a qual um cenário era movido desde as portas de uma casa ou palácio. O eciclema traz à vista todas as atrocidades que foram perpretadas por trás da cena: o assassinato de uma mãe, irmão ou criança. Exibe o sangue, o terro e o desespero de um mundo despedaçado, como na Orestíada, em Agamenon, Hipólito e em Medéia. (BERTHOLD, 2001, p. 117)