A roupa era praticamente a mesma para os dois sexos. Existiam três tipos de vestimenta grega sem influências estrangeiras: o peplo ou quíton dórico e jônico, o himation e a clâmide. Pelo exame da indumentária dos gregos é possível conhecer sua mentalidade: a liberdade era visível no modo como o corpo era apenas coberto, porém sem ser apertado.O efeito era estético, não erótico. A nudez era considerada completamente natural, ao contrário do conceito de seus contemporâneos semitas. Os tecidos empregados na confecção da vestimenta, lã e linho, foram mais tarde substituídos por seda e algodão importados. A indumentária era modelada sempre a partir do retângulo, a sua forma básica, que não precisava de cortes variados nem de costura, e depois drapeada conforme a criatividade individual, chegando a um resultado de beleza inimitável no período clássico.
Na época dórica, a peça retangular de lã, não muito larga, fixada nos dois ombros por fíbulas, solta e sem cinto, era chamada de klaene para os homens e peplo na versão feminina, que era deixada aberta do lado direito para dar mais liberdade à movimentação das pernas (veja a imagem abaixo). Uma variação cintada do peplo consistia em uma dobra na parte superior, podendo se usada para cobrir a cabeça.
O quíton jônico, já em tecidos mais leves, sem dobra e bem mais amplo, podia formar até mangas, obtidas com a ajuda de várias fíbulas. O himation, usado pelos dois sexos, era um retângulo grande, barrado nos quatro lados. A clâmide, uma capa menor que vestia em geral os cavaleiros, soldados, atletas e viajantes, era aberta e presa no ombro direito por uma fíbula. Às vezes era o único elemento da indumentária masculina.
Os costumes mudam e, com eles, a moda feminina: o hábito dos corpos sadios e vigorosos de movimentos livres nos peplos dóricos transformou-se mais tarde, quando o luxo aumentou e as damas atenienses procuraram sobretudo conforto e a doce sensação arquitetônica; os efeitos da iônica passaram a ser pictóricos.
Nos tempos arcaicos, parece que os soldados lutavam quase nus, protegidos apenas por seus elmos, grevas e armas. Mais tarde, os guerreiros (os hoplitas) foram pesadamente armados, usando túnicas de couro reforçadas com placas de bronze, grevas e delmos envolvendo quase todo o rosto, com as típicas cimeiras em forma de crina de cavalo, espadas curtas de dois gumes, lanças, arco e flechas, atiradores de pedras e escudo redondos
Os gregos costumavam proteger a cabeça, às vezes, com as dobras de seus himations ou gorros simples, chamdos pilos, e os viajantes, com chapéus de abas, os petasos. Os mais pobres andavam descalços na rua, somente os ricos usavam, fora de casa, sandálias amarradas com tiras.
Segundo Homero, para os tecidos havia preferência por cores fortes como vermelho, amarelo e roxo. Na Idade de Ouro, porém, quando o ideal de vida era a moderação, preferiam-se tonalidades pálidas e claras. As pessoas de classe inferior usavam tintas vegetais em tons de ferruem, hena e verde-musgo. Os ornamentos que enfeitavam as barras das peças da indumentária eram bordados e tinham formas ora geométricas - como rosetas, chave dêntil, círculos, quadrados, estrelas - , ora vegetais - como folhas de acanto e louro - , ou representavam outros motivos encontrados na natureza, como ovos, ondas, meandros ou animais.
NERY, Marie Louise. A evolução da indumentária: subsídios para criação de figurino. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.